Projeto Fashion Inclusivo busca melhorar a autoestima e confiança de pessoas com deficiência
Com a proposta de incluir pessoas com deficiência física e mental no mundo das passarelas, a professora Ângela Ferreira criou o projeto Fashion Inclusivo. A iniciativa foi implementada em 2010 na Região Administrativa de Sobradinho. O grupo foi o primeiro, em Brasília, a estimular desfiles com modelos que possuam alguma deficiência. Inicialmente, o projeto foi acolhido por uma igreja da região que ajudou na realização de ensaios e reuniões. Hoje o grupo se mantém por meio de parcerias: “No início, corri atrás de tudo: release para mídia, cabelo e maquiagem, apresentador”, conta.
A proposta, segundo Ângela, não se restringe à capital e busca proporcionar viagens aos participantes. Com o apoio financeiro dos pais e, às vezes, de alguns contribuintes, o grupo pôde conhecer diferentes cidades do Brasil. “Esse crescimento para outras cidades só aconteceu devido à participação efetiva das famílias, bem como dos voluntários”, afirma. Entretanto, a idealizadora lembra que uma das maiores dificuldades a ser vencida é a permanência dos voluntários no grupo. “Aparecem vários, que dizem amar o projeto, mas a maioria fica pouco tempo e infelizmente nunca mais volta”, diz.
A especialista em estudos sobre o binômio informação-inclusão Célia Revilândia Costa explica que quem trabalha com moda inclusiva deve estar sempre atento às individualidades dos sujeitos. “Existe, sim, vaidade. É possível produzir peças em toda variedade de cores e padronagens, mas o processo criativo deve considerar também a funcionalidade das roupas”, diz. Para Célia, a moda é um excelente caminho para a inclusão social, mas não é o único. “A moda prova que todo ser humano é vaidoso e tem seu próprio estilo, mas a inclusão deve ser feita em todos os espaços da vida”, conclui.
Uma das participantes do projeto, Laíse Correa Borges, de 15 anos, tem Síndrome de Down, mas adora ser fotografada. A mãe, Gelzimar Guimarães, se diz orgulhosa e afirma que o projeto melhorou a autoestima da filha. “Laíse, quando começou no Fashion Inclusivo, não aceitava nenhum tipo de adereço no cabelo, muito menos usava sapatilhas. Agora, escolhe vestidos em vitrines e aceita ser penteada e maquiada”, diz.
Mesmo possuindo paralisia cerebral, Érika Bernardi, de 12 anos, sonha em ser maquiadora. A mãe, Maria Inês Bernardi, explica que embora a filha não falasse muito devido à timidez, as viagens feitas com o grupo ajudaram no seu relacionamento com as pessoas. “Com o passar dos desfiles, ela começou a se relacionar melhor com as pessoas, bem como melhorou suas notas na escola”, afirma.
Cleonice Lima, mãe de uma das participantes, afirma que a filha – que também possui Síndrome de Down – evoluiu muito desde que começou a desfilar. “Em particular, para a Giovanna, houve melhora na oralidade e na postura”, conta. Cleonice ainda ressalta estar satisfeita em contribuir financeiramente no projeto. “A luta pela inclusão dos nossos filhos em todos os espaços da sociedade é constante”, completa.